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ELEAZAR VENANCIO CARRIAS
( Pará )
Nasceu em 1977, no interior da Amazônia paraense. Publicou os livros Regras de fuga (2017) e Quatro gavetas (2009), vencedor do Prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura, na categoria poesia. Doutorando em Educação na Amazônia, pela Universidade Federal do Pará, e mestre em Educação pela Universidade de Brasília, atua como pedagogo no Instituto Federal do Pará — Campus Tucuruí. Vive em Breu Branco, sudeste do Pará.
Máquina é o seu terceiro livro solo.
VII ANUÁRIO DA POESIA PARAENSE. Airton Souza organizador. Belém: Arca Editora, 2021. 221 p. ISBN 978-65-990875-5-4
Ex. Antonio Miranda
Fuga
E se resta alguma estima,
acima de tudo, promete: não voltarás.
Vai. É um risco cada esquina,
mas, corre as ruas como se fossem iguais.
Que elas não são. Não liga.
Eu te daria meu alforge.
Mas vê. Não há nada nele que consiga
tornar teu passo mais forte.
Não contes com asas — nem digas
que não te basta o ritmo incisivo.
Não, não te despeças. Não precisa.
Levas nos calcanhares
meu coração pervasivo.
O abridor, a luz
Agora que estás (tu o sentes)
só,
se te revelam novas regras de não-destino.
Jamais terás uma adega,
mas comprarás um abridor
Tu o usarás até que
o amarelo cristalino no copo
seja a única luz nos teus olhos.
A televisão será apenas
um elemento da decoração autoimposta.
Revistas e roupas espalhadas
negarão que há um vaso à porta,
reclamando visitas.
Não serás nunca poeta,
mas amarás tuas filhas.
Agora que estás só,
pouco importa falte água:
só precisas de luz.
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Página publicada em março de 2022
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